sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mil Vivas aos Quinze Anos do Projeto Orquestra

A música imita o movimento da alma. (Platão)



Há muita coisa boa acontecendo no cenário musical de nossa cidade, e esta não vem de shows acidentais da degeneração sócio-cultural que nos chegam através de pretensos artistas e sua música patológica tão ao gosto da média comum. Não é dos redutos da música clássica na cidade que me proponho a escrever, mas onde tudo começa ou deveria começar: a escola e, felizmente, para o aperfeiçoamento da natureza humana, algumas destas desenvolvem seriedade em sua função útil.

Se a função da escola pode ser definida como a garantia da formação do indivíduo sócio cultural requerido para sobrevivência da civilização humana, entendo que o Projeto Orquestra culmina junto às demais ações educativas do Colégio Divino Salvador na preparação de alunos que possam lutar e se defender nas melhores condições possíveis no cenário econômico, político e sócio-cultural e em que vivemos.

Merece dizer que na maioria das nossas escolas se oferece um computador ao aluno e jamais estudo da música. E lembrar que Villa-Lobos, então ministro da cultura, introduzia música de qualidade nas escolas, e que esta sobreviveu até meados da década de setenta, mas antes dele, no início do século XX, tal movimento já havia sido deflagrado por João Gomes Júnior, mas isto é outra história.

Quinze anos deste Projeto Orquestra - uma coisa boa demais, e histórica, começa com os corais, ver o site da escola -, foram comemorados neste domingo, 30 de maio, com um concerto dedicado a todos os ex-integrantes (cento e doze no total), dos quais muitos se reintegraram à Orquestra para a apresentação final, e logo depois, vale notificar, da brilhante apresentação da Orquestra Filarmônica Infanto-Juvenil de São Paulo, regida por Daniel Cornejo.

Na platéia predominava um sorriso de franca admiração, largo em satisfação, afinal, no palco, adolescentes e pinguinhos de gente à frente de uma partitura com seu instrumento à mão qual extensão do corpo e a prova inconteste de que, apesar de tantos retrocessos em nossa sociedade e juventude, ainda podemos confiar no futuro, pois basta propiciarmos a educação que estes merecem..

Tanto se poderia falar sobre este projeto, especialmente no esforço dos pais e da escola, mas cabe destacar o trabalho e a dedicação da maestrina Cláudia de Queiroz, pois é ela quem pega, há quinze anos, na mão destas crianças e com elas caminha pelo universo da disciplina musical. É preciso muita responsabilidade, competência e, sobretudo, amar o que faz, afinal, o caminhar com anjos demanda virtudes, especialmente a da generosidade. Na arte do educar, os habilitados são os que amam, ou de que outro modo é possível despertar na criança a firme e habitual disposição para o bem?

Para os gregos, especialmente com Pitágoras, Sócrates e Platão, a música tem a ver com a formação ou também com a frustração da realização humana. Por não a sentirem como uma mera questão de deleite, combatiam a música da deformação por entenderem que esta punha o estado em risco. Na China, a música estava entre os dois maiores ministério de estado, o outro era o de Pesos e Medidas. Enfim, há muito material sobre tal assunto para se pesquisar.

Será mesmo que queremos o desabrochar de uma sociedade mais fraterna, civilizada e justa? Os que verdadeiramente a querem, saem do campo das idéias para a transformarem em realidade e, por primeiro, revelam-na em sua conduta. Se com a criança reside a permanente renovação da esperança, há todo um trabalho, que não só a música, a se desenvolver em torno da poética da vida. A criança precisa crescer acreditando que é um elemento de construção de um mundo melhor, que pode vencer e, assim, quando chegar a sua hora, reconhecendo o seu próprio valor, conquistará a sua autovalorização, a sua identidade e, por fim, triunfará para ser feliz.

A felicidade do concerto daquele domingo, além do bem que fez aos presentes, foi marcar quinze anos deste projeto, o que não é pouca coisa, pois insere-se na constituição interna da coisa pública. Veja no site do colégio a extensa e importante lista de apresentações pela cidade, inclusive em praça pública.

Se a música banal é tão presente nos dias de hoje quanto o foi na época de Platão, é porque a sociedade humana ainda precisa dela e, em razão disto, ainda muito mal das pernas, anda sem um objetivo em comum, ou tão somente, no atender das necessidades primárias, ou até que aprenda a reconhecer o real significado da vida e dêem um sentido a suas vidas. Neste dia, reconhecerá a grandiosidade do Todo.

Mil vivas aos quinze anos do Projeto Orquestra do Colégio Divino Salvador!

Jairo Ramos Toffanetto – Poeta, escritor, e leader training corporativo

5 comentários:

Anônimo disse...

Jairo,
que prazer foi conhecer seu blog...é com alegria e orgulho poder comentar esses seus pensamentos que dos quais compartilho. Muito Obrigado pela mensagem...divulgarei para que meus amigos tbém tenham a oportunidade de conhecer seu Blog, feito com tanto amor! Muito Obrigado!
Maricilio

Unknown disse...

Parabéns!
Realmente está faltando cultivar boas músicas.
A boa música, principalmente a clássica, desperta a sensibilidade, e faz as pessoas serem mais gente.
Abraços
Luiz

Rita Buratto disse...

Jairo,

Sem dúvida alguma a boa música é essencial para a formação do indivíduo, pois é a mais linda forma de se comunicar com o mundo. Que este projeto possa se multiplicar por todo o país.
Parabéns!
Rita Buratto

Yuri disse...

Oi Pai, sou seu fã parabéns!!

E muito SUCESSO!

Cláudia de Queiroz disse...

Jairo

Obrigada por sua linda iniciativa de falar sobre o Projeto Orquestra. Ele é um trabalho muito importante na minha vida, e, espero que seja também para todos os jovens que dele vêm participando nestes 15 anos.
Um grande abraço e sucesso!

Cláudia de Queiroz
Diretora Artística do Projeto Orquestra d Colégio Divino Salvador