sexta-feira, 17 de setembro de 2010

"Cadê a Serra do Japi" (2)

       Na última semana de agosto, fotografei a cidade sob um “smog” inusitado, afinal, ventava sobre a cidade e, em geral, o “smog” ocorre quando há uma inversão térmica. Era o que eu não compreendia. Cadê a Serra do Japi? Foi o título que dei à minha postagem de 04 de setembro. Pois ela ardia em chamas. Infernais linguas de fogo engoliam 600 hectares de mata nativa e, com ela, a fauna, os insetos polinizadores....
        Nestes quase trinta anos depois do  "Tombamento Ecológico Paisagístico" (1983), ainda se associa ponta de cigarro aceso com época de estiagem. Ainda se fala das velhas queimadas. E porque não se coloca em questão a especulação imobiliária, ou melhor, sob investigação? Por outro lado, se também há suspeita de piromaníacos, a ineficiência na captura destes ou das respostas às perguntas que estou fazendo, é vergonhosa.


       A Serra do Japi e sua flora e fauna estão em extinção tanto quanto homens como um Aziz Ab'Saber, o geógrafo responsável pelo estudo do referido tombamento, e que, em defesa dos princípios da civilidade, não tinha a língua presa para denunciar o que sabia. Infelizmente, homens como ele, cuidando da coisa pública, estão em extinção. ´
       Lembro-me do comandante do Corpo de Bombeiros em 1983, o então tenente Carreiras. Ele dizia a que a Serra é dos jabotis, dos lobos-guará, das cobras, dos macacos...

         Na foto, um jaboti que sofreu queimaduras no casco. Outros animais fugitivos do fogo estão sendo encontrados na cidade. Na foto abaixo, o guará-guará capturado pelo Corpo de Bombeiros e depois solto na serra.


O lobo guará (acima) foi capturado na movimentada avenida Frederico Ozanan.

       A cidade é rica, muito rica. Porque não um helicóptero para rondas diárias sobre a serra, e para além dos limites do nosso município, e independentemente do governo do estado? A Serra do Japi deveria abrir uma vocação do cuidar. Muita coisa vem sendo feita, mas ainda é pouco, a serra precisa de muito mais. Mais fiscalização, cuidados, e atitudes com pulso forte.


A propósito: quem é que deveria estar enjaulado no lugar do lobo? 

Jairo Ramos Toffanetto

Um comentário:

Yuri Ulrich disse...

Como morador na cidade de Jundiaí, tenho vergonha da impunidade na serra. Não tenho dúvida que ocorrem queimadas premeditadas e associado a desmatamentos por especulação imobiliária.