terça-feira, 13 de setembro de 2011

A única peneira de Sócrates

A postagem "A única peneira de Sócrates" de 15.01.2011, foi uma das mais acessadas neste meu blog "Poemas de sol". Volto compartilhá-la com todos e, especialmente, com os novos amigos deste meu fazer network:

Há uma parábola chinesa que diz estarmos numa ponte rasa junto à superfície de um rio. Um rio que traz muitas coisas, e que ali você pode pegar o que mais precisa. Todavia, nesta ponte rasa pegamos quase tudo que chega às nossas mãos, inclusive os desafetos, por exemplo. Tem gente que, pegando tudo o que pode, junta tanta tralha que não consegue mais sair dali porque o peso sobre as costas é muito grande.

Sócrates gostava de ir à feira só para constatar o tanto de coisas que ele não precisava para viver, e quando vinham com conversa mole prá cima dele, usava a metáfora das três peneiras (veja-a na Internet). Ele conhecia a tal ponte mas, naquele rio entrava com o nível da água não além da altura das canelas, ou até onde pudesse ver seus pés no chão, e ali passava a única peneira que tinha. Afinal, a verdade está em águas calmas, calmas e claras.
Ele sabia o que retirar do rio:
a Verdade que ele ainda não conhecia.

A Verdade não está nas profundezas ignotas dentro de uma arca recoberta por musgos e com um tesouro dentro, mas em seu movimento desde a fonte até o mar, renovando-se sempre. Absoluta e fluídica como a Verdade é, ela sempre passaria por sua peneira, assim como a sempiterna Bondade.

Você não pode pegar a Verdade para ficar só com você. Ela não passaria pela por aquela metafórica peneira: as nossas verdades pessoais, e Sócrates era um filósofo, não um sofista. Se a peneira pegasse algo muito igual à Verdade ou muito igual à Bondade, não poderia ser nenhuma das duas, porque elas estão integradas uma dentro da outra. A Verdade é lei universal até os confins do cosmo. A Bondade a plenifica, é a Paz. Uma é o uno, a outra é o Todo.

Dar Utilidade a estes princípios eternos significa cumprir a razão do porque viemos à vida na Terra. Uma questão de conduta filosófica. Enfim, Sócrates, de tanto bater peneira no rio, tornou-se o rio: puro espírito que dança.

Mas se você está sobre a ponte rasa, é preciso, pelo menos, saber porque ainda lá estás.


Jairo Ramos Toffanetto

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