quinta-feira, 17 de maio de 2012

Eis a crueza sem limites


Meu amigo Caio Jupert Fraga me enviou um e-mail com o título "Quando as fotos dizem mais do que mil palavras". Uma emoção só. Ontem postei a primeira delas e arrisquei uns versinhos, afinal, como já disse neste blogue "todo poeta deve saber expressar seus sentimentos", dei-lhe um título "Eis a beleza em limites". Dei-me a missão de buscar palavras, umas poucas que, afinal, pudessem caber junto daquelas fotos e, assim, devolver a gentileza do Jupert ao me enviar tais fotografias.


Não sei da história destas fotos, de que parte do mundo vieram, quem as fotografou. Pela cobertura de sapé dá pra ver que é o retrato é do Brasil. Suas paredes úmidas revelam um ambiente insalubre por dentro. Trincaduras no frontispício. Reboque caido na parede lateral. Capim deitado na foice no lugar de flores num jardim, uma horta, só pé de couve. Ceu nebuloso, cinzento, pesado. Uma fotografia de quinhento anos de idade.

O senhorzinho parece sonhar com o passado do futuro em que um dia acreditou e defendeu, e com muita honra. Pela glória de uma nação inteira ele lutou com coragem. Pela quantidade de medalhas e idade, este ex-combatente lutou na revolução constitucionalista de 1932, e pôde derrotar o mundo lá na Itália em plena Segunda Grande Guerra. Tantos sonhos, tantos ideais, e o que sobrou? Sobrou o paletó que ele guarda até hoje para carregar as pesadas medalhas de um orgulho debalde. A calça lhe deram para os desfiles anuais. Uma fantasia sobre pernas que ainda arrastam esperança. Na sua mão de dedos recurvos pelo tempo, mostram a realidade da enxada, sua baioneta no cabo de um mosquetão.

Enfim, este retrato do Brasil, ou seja lá de onde for, berra mais que mil fuzis.

 
Jairo Ramos Toffanetto

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