quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Angel of the North de Gormley em São Paulo


(CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR)
No alto de um prédio no centro de São Paulo

 

Assim que vi esta imagem no Facebook da minha amiga Keller, impressionou-me ver a escultura acima dos prédios no centro da cidade de São Paulo e por um víés algo insólito. 
 
Apelidei o "Angel of the North" de Suicidal Man, pois é como vejo homem e sua obra nestes grandes centros urbanos.
 
Ao homem acima do seu fazer, resta-lhe construir dentro e acima de si para por os pés no chão e parar de assustar as pessoas.
 
Vendo a mesma escultura em outras partes do mundo, mais uma vez constato que a grande criatividade dos artistas não é posta em uso para expressar o novo, para por facho de luz e apontar caminhos onde ninguém está vendo ainda. A maioria deles apenas "reportam" o que aí está. 
 
O Suicidal Man reporta, pois, a condição atual do homem frio como metal e, como tal, de apertado núcleo atômico aonde nada mais cabe, e despencar ou não de um edifício que diferença ele faria, ou para uma urbe de exageros como São Paulo?
 
Se o Suicidal Man me desse a mão, mostrar-lhe-ia o viés romântico da cidade, assim como lhe ensinaria colocar no "pictório" tudo que nos causa espécie e, quem sabe, ele se apaixonasse por ela ela assim como por Nova Iorque, Londres ou Birminghan. É isso... dar a mão ao outro, contagiá-lo com um pouco de fé na vida, porque só os que amam encontram sentido no viver e trabalham na criação e conquista da felicidade independente do meio em que vivem. Viver sem o processo do amor torna as pessoas desalmadas, desesperançadas, despencadas. 
 
O Anjo do Norte de Antony Gormley e sua colocação nas urbes do mundo é uma charge sem humor, e cabe mais como reflexão sócio antropológica do que arte própriamente dita, e está mais pra projeção do cabeça mole, o fraco, que pra um coitado. 

Anjo do norte rima com anjo de morte. "De morte", para nós brasileiros, é alguém travesso, gazeteiro. O Antony nos pregou uma peça, e quem prega peça é, para nós, "arteiro". Não fosse o interessante conjunto do seu trabalho que pude constatar no Google Imagens... (clique no link ao rodapé)...
 
Enfim, o trabalho de Gormley na antropofágica "Paula Desvairada" não passou de estátua como disseram os paulistanos na rua ante à sua... digamos, arte de impácto.
 
Crosby Beach, perto de Liverpool
 
Em Crosby Beach (England), o Anjo do Norte nos remete a uma reflexão um pouco mais delicada ao "reportar" a condição do homem vazio de sentido diante do seu crepúsculo existencial fundido a ferro e a fogo apocalíptico. O Belo passa ao lado e sob seus pés. Uma imagem da indelicadeza do homem diante da Grandiosidade sempre em doação. Uma verdade num mundo de relativos. A arte está na transcendência do objeto em si. A linguagem artística de Gormley parte da indiferença para falar de diferença, da grande diferença nas vidas das pessoas desde que estas venham construindo um olhar próprio e universal.

Novamente é uma questão de arte fotográfica. Se a foto mostrasse um céu tomado por densas nuvens escuras talvez despertasse outros sentimentos. O fato de uma inserção artística no plano físico - meio ambiente onde se vive - com tanta possibilidade aberta para o sentir, é realmente notável. 

Quanto ao travesso, gazeteiro e arteiro como classifiquei o Anjo do Norte em S.Paulo, faz juz ao artista, pois toda a arte se faz através do brincar, um exercício do prazer, e nisto o Antony é mestre.
 
Jairo Ramos Toffanetto

Imagens dos trabalhos de Gormley:
https://www.google.com.br/search?num=10&hl=en&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1280&bih=644&q=antony+gormley&oq=Antony+&gs_l=img.1.0.0l9j0i10.2315.5253.0.12789.7.6.0.1.1.0.318.1538.1j0j4j1.6.0...0.0...1ac.1.0oZCGkTPugM
O artist Anthony Gormley's:
http://en.wikipedia.org/wiki/Antony_Gormley
Suicidal Man:
http://www.dailymail.co.uk/news/article-2145820/Anthony-Gormleys-suicide-statues-Brazil-Fire-service-called-false-alarm-Sao-Paulo-jumper.html

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