quarta-feira, 21 de novembro de 2012

São Paulo com as vísceras de fora.


A cidade de São Paulo estava diferente nesta segunda-feira, véspera de feriado. Trânsito desinchado e menos ruidoso. Menos gente na ruas e caminhando mais naturalmente. Não havia o sintoma da pressa em uma cidade que, como dizem, não pode parar.

Às 07:45 h entrei numa fila pela rua lateral de um prédio de esquina com a Rua Domingos de Moraes. Ficar parado sempre mexe comigo. Fiquei brincando com os enquadramentos da máquina fotográfica até me deparar com meus pés na fila. Para onde iria a pessoa que descia a rampa de acesso eu não sei.


Depois achei de fotografar o que estava à minha frente como um registro  do vazio da rua e que me abria um sentimento  velho conhecido meu, o do insólito - esmagador nos meus vinte anos de idade.


Foi ao rever esta foto que notei uma senhora subindo a a rampa de acesso para entrar na fila. De onde ela vinha?


De onde ela vinha eu não sei. Sei que ela chegara sem sair de si mesma. O olhar de uma senhora pré-ocupada. De braços cruzados à frente do peito, ela protegia-se de alguma passagem do filme da sua vida.

 
A fila andou um passo. Fiquei sobre as marcas da última chuva. Alguém saíra debaixo dágua e encheu de terra o solado de um tênis antes de pegar a integração subúrbio-metrô-ônibus. Ali na fila ele achou de tirar a terra já seca e bateu os pés contra o piso do corredor.
 
Por aquele corredor passava muita gente, muita história de vida, muita realidade de luta e fé na vida. Muita ilusão, pouco fantasias e caprichos, muito suor e pouca brisa, mais sujeitos às determinações do meio que individuação, mais personalidade que identidade livre e feliz.
 
Enfim, a cidade de São Paulo continua a mesma, com as vísceras de fora.
 
 
A cidade de São Paulo foi fundada em 1554 por padres jesuítas. 
É a sexta maior cidade do mundo com uma população
de 19 223 897 habitantes e é a quarta aglomeração urbana do mundo.
 
Jairo Ramos Toffanetto
 

Nenhum comentário: