domingo, 3 de fevereiro de 2013

Yuri, Drummond, Ruth Escobar e eu na madrugada de sábado



Ontem, 01:20 h, meu filho Yuri me telefonou para buscá-lo na Estação Ferroviária. Eu saía de um sono profundo. Fui meio a reboque, mas orgulhoso, afinal ele voltava de uma peça de teatro em São Paulo. Na sexta-feira ele fizera a mesma coisa.

Passando por uma avenida de trânsito vicinal, vi um grupo bem vestido de rapazes e mocinhas carregando um litro que rodava de mão em mão. Diminuí a velocidade. Bebiam vodka. Mau gosto beber vodka sem gelo, uma droga. Sem travessia... já decadentes sem ao menos terem passado pelo processo civilizacional... 

Bem falante como o Yuri é, nada me disse da peça que assistira. Acho que ele percebeu que eu estava mais pra zumbi que pra gente do bem, afinal, fui acordado sem ter chegado ao sono R.E.M. De repente ele me diz com muita alegria:

Vou te mostrar o que comprei.
Pensei: um litrão é que não era.

Enquanto abre a mochila ele me diz:
- Comprei numa livraria lá no Ruth Escobar.
Havia um clima de alguém que está feliz com seu feito.

Mostrando-me um livro, soletra com entusiasmo:
- Carlos - Drummond - de Andrade.

Exclamei para ele:
- “Ae Yuri, mas é um livro muito fininho”.
Ele me responde:
- Eu carrego um poema de cada vez. Pra mim, este livro é volumoso.”
Uma felicidade. Bradei:
- Ah, esse é meu filho Yuri.

Não lhe perguntei por algum poema lido ou pela peça de teatro que ele carregava. Ele me dirá depois de os consubstanciar.

Valeu o privilégio de me levantar de madrugada, tirar a toca do sono que me arrastava e tomar um trago destes a deixar uma marca profunda em nossos eus.

Abraço-te, Yuri.

Jairo Ramos Toffanetto
 

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