sábado, 19 de abril de 2014

Da beleza artística



"A beleza artística não é representar uma coisa bonita,
 mas na representação de uma coisa bonita."
Immanuel Kant (1724-1804)

Diante de uma coisa artisticamente bonita, ao gosto dos olhos, em geral se ouve esta exclamação de bate pronto:

-  Que lindo!!!

Mas o que é o belo? O que é belo para você pode não ser o mesmo para mim e vice-versa.

Kant resolve uma parte desta questão. Para ele, o juízo de gosto estético se dá na representação. 

Entendo a exclamação “que lindo” como algo que entrou por um lado e saiu por outro, isto é, não ficou para deixar uma mensagem sequer.

O belo artístico nos desafia para além dos olhos. O que está para além dos olhos transcende. Para transcender, a obra verdadeiramente artística criará um estado, far-se-á de ponte, abrir-se-á como porta de passagem. Só entrando nela para se descobrir a linguagem no belo, o que fala em você. Mas é preciso chegar até esta porta e bater para que ela se abra.

Os olhos pertencem aos sentidos primários. Estes sentidos não ficam no objeto de admiração. No sentir está o silêncio, e é ele que fala dentro da gente e não o objeto da admiração. Saber o que a obra está a dizer é ficar nela, um ficar tão instantâneo quanto o bate pronto dos olhos.

Há que se praticar a linguagem do sentir, a linguagem do silêncio, o que fala em nós, a linguagem do que verdadeiramente somos. E a cultura... a cultura vem depois, apenas ilustra.

O nosso tempo é caracterizado pela imagem, a cada dia uma enxurrada delas. O que fica? Pula-se de uma imagem para outra a todo o tempo e não se consegue, ao menos, percorrer os olhos no firmamento. Dez minutos diante do céu estrelado – uma eternidade – ajudaria a entender o que estou dizendo. Mas não se consegue desligar ao menos o celular.

De minha parte, tenho o privilégio de um Amigo que sempre me pergunta:

- Como vai a sua mente?

Jairo Ramos Toffanetto

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