segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Risos retardatários (Subúrbio SP/Jdí em crônica - 3)


FotoJRT - Estação da Luz - 27.02.2014 - 13:17 h


Na Estação da Luz, quando as portas do trem se abrem, as pessoas entram como num estouro da boiada para o vazios dos vagões. Um lugar para se sentar é disputado ombro a ombro, e tudo pode acontecer. Um grito feminino se ouve e é seguido em tom repreensivo:
- Ai meu pé.

Pior quando alguém entra carregando uma caixa grande no meio do estouro da boiada.  Vai ao chão quem não é bom de braços e pernas

Ou quando a bolsa de alguém é levada de roldão. A mulher a procura desesperadamente entre as pernas das pessoas. Alguém a levanta no ar anunciando o achado. A bolsa segue de mão em mão por cima das cabeças. Quando é aberta, a mulher chora de fazer dó.

Da estação da Lapa em diante, os vagões de lata seguem completamente entupidos de gente, atutênticas latas de sardinha sobre trilhos. 

Depois de um dia de trabalho, no suor do fim da tarde, algumas estão azedas, outras de pensamento ácido, e alguma no olhar, mas o trem segue mudo e bem ao contrário nas idas pela manhã quando grande parte conversa e tem até jogo de palitinho. 

Uma mulher quebra o silêncio e, em repreensão a alguém, solta um trem desses em voz alta e, como nunca vi, o vagão explode em riso.
- Você quer fazer o favor de tirar esse seu miudinho da minha bunda!

Risos discretos e retardatárias provocavam novas ondas de risadas, mas aqui eu não ouso dizer descrever o que se imaginou. 

JRToffanetto
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