domingo, 1 de novembro de 2015

Ela estava zerada e eu zerado e meio.


Vista do alta da marginal em acesso à Av. 14 de dezembro, Jdí/SP













Sexta-feira, véspera de fim de semana prolongado.

Uma hora e quinze minutos para, na sexta-feira, sob mormaço inclemente, atravessar os dez quilômetros da Avenida 23 de maio em São Paulo. Trânsito parando e indo, primeira e segunda marcha, motoristas ultrapassando no braço, motociclistas buzinando o tempo todo para garantir passagem entre os carros, ponto morto, pé no breque. O mesmo se repetiria na Marginal do Rio Tietê. Excesso de caminhões, deslocamento arrastado, pontos de estrangulamento... Enfim, naquela quentura borbulhante, o que poderia ser, digamos, minimamente tenso, foi leve e sem esforço. 

Mas a Regina eu estávamos no céu, e lá o ar é rarefeito, suave, fresquinho fresquinho. Tínhamos ótimas notícias a levar pra terra, para casa e aos amigos. Voltávamos jogando conversa fora, rindo por qualquer bobagem, e também filosofando em reconhecimento à Força Maior, entusiasmados com a reformulação dos nossos projetos de Vida. Ela estava zerada e eu zerado e meio. 

Na Rodovia dos Bandeirantes um luminoso advertia trânsito lento nas Rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera, e por toda extensão das entradas para a cidade de Jundiaí. Escapamos pela direita e, do alto dela, a foto acima mostra a velha Anhanguera à esquerda, em êxodo para o interior do estado.

Uma tarde radiosa, sem igual para nós. Um milhão de lux. Felicidade.

Despi-me na área de serviço e liguei a mangueira. No tanque de casa sempre deixo um sabonete. No varal fica uma tolha dependurada à minha espera mais cueca e bermuda. Um costume vindo da adolescência quando dona Floripes, minha mãe, não me deixava entrar em casa nem pra tomar banho de tão sujo eu chegava, exausto depois de tanto brincar pra valer na “Samuel Martins”, então rua de terra.

Depois subi ao terraço para acender um cigarro e beber um pouquinho mais daquele céu, mas já não era o mesmo, era muito mais. Qual perfume senti o cheirinho de café me convidando a descer para a cozinha. Regina e eu comemos uma ciabata recheada, de ponta a ponta.

Mais tarde, no frescor da boca da noite, saímos de mãos dadas para passear neste chão de céu na terra e com um sentimento de intraduzível gratidão, gratidão a um Mundo Bem Melhor - já-agora -, e, sobretudo, gratos ao nosso Mestre.


JRToffanetto


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