sábado, 9 de janeiro de 2016

Não danço na frente da internet


Entro na Web com o que eu sou e com o que eu não sou. Não sou, p.ex., gota deste oceano “on line” mesmo quando nela toco com as pontas dos dedos no teclado, mas gosto de ser surpreendido pela beleza, pela delicadeza dos gestos poéticos, e não estou sozinho nisto.

Meu pai, sr. Orlando,
Eu nasci sem internet. Minha mais remota consciência foi com meu pai me mostrando a lua e as estrelas. Disse-me que elas só podiam ser vistas porque o sol tinha ido dormir. Foi assim que eu descobri o céu azul sem estar olhando para ele. Lembro-me de lhe perguntar:

e seu filho.
- Ele dorme cedo, né pai?
- Quando o sol acorda é uma estrela no céu que pode ser vista de um planeta distante. 
- Então tem vida lá no céu?
- Aonde haja um sol há possibilidade de vida, sim.
- Então todas as estrelas são quentes como o Sol?
- Aqui de longe elas nos parecem frias, mas são todas como o nosso Sol, e muitas são maiores do que ele. Espere um pouco que eu vou buscar o binóculo.

Disse-me focalizar um sol pra eu ver, depois me passou o binóculo apontando-me uma estrela, e como eu não conseguia encontrá-la, sugeriu-me a Lua, mas ela estava fora de foco e dançando nas lentes. Então o meu pai me ensinou segurar o binóculo e ajustar as lentes.

É assim que eu não danço à frente da internet.

JRToffanetto

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