quarta-feira, 23 de março de 2016

No caminho com Maiakóvski (Eduardo Alves da Costa)

Conversando com a Regina sobre o triste cenário do poder da corrupção instalado em Brasília-DF, citei-lhe o livro de Loyola Brandão "Não Verás País Nenhum", dizendo que o Brasil está a um passo disto caso o atual poder se mantenha, e ela, em contrapartida, citou o poema No caminho com Maiakóvski de Eduardo Alves da Costa que abaixo se segue apenas como um fragmento, mas tão forte, tão belo que deve ser lido como se fora um poema independente que, a rigor, é.

Palácio do Planalto e Monumento Candangos na cidade de Brasí








"[...]
Na primeira noite eles 
se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]"

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